Ozzy começou o show para um público de 12 mil pessoas às 20h58min, 32 minutos antes do horário previsto. O eterno Príncipe das Trevas apareceu de capa preta e óculos redondos ao som de “Carmina Burana”, clássico de Carl Orff que deu a solenidade ao primeiro show de um dos pais do heavy metal na capital gaúcha - esta é a quarta turnê do cantor no Brasil, mas a primeira a passar fora do Sudeste. Sorridente, Ozzy agitou a plateia e desfilou o repertório de pouco mais de 1h30min, idêntico ao apresentado recentemente na Argentina e Chile, por onde iniciou a turnê latino-americana.
Se a disposição de Ozzy foi a surpresa da noite, o setlist frustrou quem esperava ousadia. A banda repetiu a ordem das 15 músicas (incluindo o bis) apresentadas para chilenos e argentinos. O disco “Scream”, que dá nome à turnê, ganhou apenas uma música, “Let me Hear You Scream”. Os fãs do Black Sabbath, no entanto, não têm do que reclamar: Ozzy trouxe cinco músicas do quarteto de Birmingham, Inglaterra, entre elas os clássicos “War Pigs”, “Iron Man” e “Paranoid”. Ao lado de “Crazy Train”, um dos principais sucessos da carreira solo de Ozzy, foram os clássicos do Sabbath que incendiaram o Gigantinho.
A banda interpretou os temas do passado com respeito, mantendo grande parte dos detalhes originais, embora o metal do conjunto estivesse mais pesado do que o próprio Sabbath. O novo guitarrista do cantor, Gus G, que ocupa o lugar de Zakk Wylde há quase dois anos, teve a sensibilidade de manter as principais melodias dos solos de Tony Iommi, Randy Rhoads e Wylde, os três guitarristas que fizeram história ao lado de Ozzy. Gus G, no entanto, exagerou nos clichês do estilo, como os solos em alta velocidade de frente para o ventilador que movimentava os longos cabelos negros, sobretudo durante o descanso de quase 15 minutos de Ozzy, enquanto a banda faz solos para preencher a saída do líder e toca a instrumental “Rat Salad”, outra do Sabbath.
A plateia recebeu Ozzy com cantos de estádio de futebol e devoção. Em troca, o cantor mostrou que ainda consegue cantar como no passado, embora a voz de Ozzy por vezes desaparecesse na limitada acústica do Gigantinho. O áudio de uma faixa de apoio com a própria voz de Ozzy vazou em trechos de “War Pigs”, dando a impressão de que o cantor se utiliza de algum tipo de playback para ajudar na afinação ou se manter no tempo da música. Se o cantor usa do expediente em outras canções, o truque ficou bem escondido. Ozzy ainda teve energia para correr pelo palco, pular, bater palmas em cima da cabeça inúmeras vezes (nem sempre no tempo da música), refrescar a cabeça a cada parada em um balde posicionado à frente da bateria e molhar o público com uma mangueira de espuma. O cantor não arriscou nenhuma palavra em português e repetiu o bordão "Let´s go crazy!" diversas vezes, dando a impressão de que estivesse um pouco frustrado com a animação do público gaúcho.
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| Com uma bandeira do time do Grêmio, Ozzy Osbourne se apresentou no Ginásio do Gigantinho. |
Após o bis, com “Mama, I´m Coming Home” e “Paranoid”, Ozzy saudou o público de joelhos, em reverência, e deixou o palco com seus tradicionais passos curtos, costas curvadas à frente, um lembrete dos abusos que ficaram no corpo.
O cantor deixou Porto Alegre após o show, rumo a São Paulo, onde se apresenta no dia 2, na Arena Anhembi. No dia 5, Brasília recebe Ozzy no ginásio Nilson Nelson. O Rio de Janeiro verá o Princípe das Trevas dois dias depois, no Citibank Hall, e a turnê se encerra dia 9 no Mineirinho, em Belo Horizonte.
Veja o repertório do show:
"Bark at The Moon"
"Let Me Hear You Scream"
"Mr. Crowley"
"I Don´t Know"
"Fairies Wear Boots"
"Suicide Solution"
"Road to Nowhere"
"War Pigs"
"Shot in the Dark"
"Rat Salad"
"Iron Man"
"I Don´t Want to Change the World"
"Crazy Train"
Bis
"Mama, I´m Coming Home"
"Paranoid"
Fonte: uol.com.br

